17.6.07

Pegada ecológica

Avaliar até que ponto o nosso impacto já ultrapassou o limite é, portanto, essencial, pois só assim somos capazes avaliar se vivemos de forma sustentável. Isto não significa, claro, que se possa consumir e gastar mais ainda há capacidade disponível: pelo contrário, se queremos deixar espaço para as outras espécies e para os habitantes futuros, há que lhes reservar o máximo de espaço. Em todo o caso a taxa de consumo de “capital natural” já é superior à sua taxa de reposição, pelo que não há qualquer desculpa para continuar com práticas agressivas do ambiente.

Assim nasceu o conceito de “Pegada Ecológica”,criado por William Rees e Mathis Wackernagel (que se basearam no conceito de “capacidade de carga” ), a permitindo calcular a área de terreno produtivo necessária para sustentar o nosso estilo de vida.


Foram escolhidas várias categorias de terrenos (agrícola, pastagens, oceanos, floresta, energia fóssil e construídos) e de consumo (alimentação, habitação, energia, bens de consumo, transportes, etc.). Cada categoria de consumo é convertida numa área de terreno (em princípio de uma das categorias apresentadas) por meio de factores calculados para o efeito.


No caso da alimentação, o cálculo é simples: basta dividir o consumo de dada cultura agrícola (expresso em toneladas, por exemplo) pela produtividade da terra (expressa em toneladas por hectare). É ainda necessário ter em conta as importações e exportações desse mesmo produto ou de produtos que o utilizem.


A estimativa da Pegada Ecológica do queijo, por exemplo, é obtida convertendo a produção de queijo em equivalentes de leite (em média, 10 L de leite são necessários para 1 kg de queijo).

Somando as várias pegadas parcelares obtemos um valor global que representa uma área produtiva capaz de repor, pelo menos em teoria, o capital natural por nós consumido. Esta área pode ser comparada com o espaço efectivamente existente (“biocapacidade”), concluindo-se assim a sustentabilidade do sistema.

Contudo, existem ainda vários impactos que não estão contabilizados na Pegada Ecológica, sendo o valor obtido, uma estimativa por defeito.


Saliente-se ainda a incerteza inerente aos cálculos que, baseando-se em inúmeras assunções, se podem tornar pouco rigorosos.Compreender as limitações de um indicador como a Pegada Ecológica, torna-se fundamental por forma a evitar tirar conclusões precipitadas. Esta informação deve ser complementada com outros dados específicos e indicadores mais fiáveis.


Ainda assim, e sobretudo devido à mensagem simples e facilmente perceptível que a pegada transmite, esta tem um potencial muito elevado ao nível da sensibilização e educação para o desenvolvimento sustentável.

Assinalem-se ainda as dezenas de cálculos da Pegada Ecológica de municípios um pouco por todo o mundo e de 50 países. Para assinalar o Dia da Terra (22 de Abril) foi desenvolvida uma calculadora que permite, através da resposta a diversas perguntas, calcular a pegada individual.


A Pegada Ecológica permite evidenciar assim, de que forma as alterações no nosso estilo de vida, poderão influenciar o tamanho da nossa pegada: o aumento de pessoas que vivam na mesma casa permite a partilha entre residentes do consumo de energia; uma dieta baseada em plantações requer em geral menos terra e energia do que uma dieta baseada em animais; o uso de transportes públicos em detrimento de privados ou uso de fontes de energia renovável e práticas de conservação são exemplos de iniciativas que poderão reduzir substancialmente a nossa Pegada Ecológica.


Todos os esforços de conservação são benéficos e o questionário da Pegada Ecológica surge mais como um instrumento de aprendizagem, não avaliando todos os nossos impactos na natureza.

Para além do nosso próprio consumo, com vista a mantermos os recursos naturais em equilíbrio, teremos que abordar a questão da dimensão da população. Como a biosfera é finita, quanto maior a população mundial, menos recursos terrestres estarão disponíveis por indivíduo.

“A mãe natureza não tem telemóvel. Não usa e-mail.[...]. Ela leva o seu tempo...” (David Suzuki, 2004).


Faça o questionário e aplique no seu dia-a-dia uma melhor gestão dos recursos de que dispõe.

Nota: A Pegada Ecológica é adequada para cada país de acordo com dados nacionais relativos a variações regionais climáticas, estilos de construção de casas, transporte.


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