Caracas-A 28 de dezembro de 2006, poucos dias depois da sua reeleição, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, fez um anúncio surpresa, ainda que não totalmente inesperado.
"Não será renovada a concessão para este canal golpista de televisão que se chama Radio Caracas Televisión (RCTV)", palavras que Chávez usou, para anunciar que um dos meios de comunicação mais críticos ao seu governo, sairía do ar.

Caracas-Primeira televisão a chegar a casa dos venezuelanos, prestes a fechar. Manifestantes pro-Chavez apoiam a decisão de encerramento do canal.
Iniciou-se nesse dia, uma batalha jurídica e mediática, cujo momento decisivo deve acontecer no próximo dia 28 de maio, quando expira a concessão para explorar o canal 2 UHF, que a RCTV detém há 53 anos.
A RCTV é o canal privado mais antigo e de maior audiência da Venezuela.
Para substituir o canal, vai entrar no ar a Televisora Venezolana Social (TEVES), recentemente criada pelo governo para ocupar esta frequência, com uma programação classificada como de "serviço público".
"Dano ao país"
Acusou inicialmente Hugo Chávez que a RCTV seria uma estação "golpista", o presidente do governo partiu para outros argumentos, dizendo que não se trata de um "encerramento", mas apenas de uma retirada da concessão, que de acordo com a Lei das Telecomunicações, é uma prerrogativa do Executivo federal.
Hugo Chávez: "Este canal de televisão já causou muitos danos ao país"
"Esse canal já provocou muitos danos ao país, durante muito tempo: os valores negativos, o bombardeio mediático de violência, o ódio, o racismo, o sexo mal visto e mal entendido, o desrespeito às mulheres,às crianças, o desrespeito às muitas manifestações da vida social, aos homossexuais, ao país e ao mundo e às pessoas que tem alguma deficiência. Essa é a razão de fundo", afirmou Chávez.
O ministério da Comunicação e Informação publicou um dossier que ganhou o nome de Livro Branco da RCTV, no qual há uma série de acusações contra a emissora, que vão desde suspeitas de promoção da violência, até maus tratos contra funcionários.

Os porta-vozes oficiais argumentam que ainda assim, a RCTV vai poder continuar a funcionar, embora o presidente Chavéz tenha chegado a levantar a possibilidade de tomar o património da empresa para a nova TV pública criada pelo governo.
"A RCTV poderá continuar a transmitir via satélite ou por cabo. Esse é um direito deles e que ninguém vai negar", afirmou o ministro da Comunicação e Informação, William Lara, numa entrevista à TV estatal.
As pesquisas indicam que 80% da população está contra a retirada da RCTV do ar, números que o governo classifica de "irreais".
Mas não seria a liberdade de expressão e sim a liberdade de escolha a grande motivadora da desaprovação popular à medida.
"O que as pessoas dizem é que não vão mais poder assistir a uma telenovela da RCTV, ou ver a Rádio Rochela, que é o programa de humor mais clássico da Venezuela, ou ao programa Quem Quer Ser Milionário", diz o director da instituto de consultas de opinião Datanalisis.
Segundo as conclusões do instituto, o grosso dos telespectadores não entende porque é que este conflito entre o governo e os media tem que afectá-los ,já que o grande problema é a linha editorial dos programas matutinos de opinião que, ironicamente, têm uma das audiências mais baixas da emissora.
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